Arbitragem

Diz o noticiário que a Confederação Brasileira de Futebol deseja montar escalas de árbitros com equipes fixas, com integrantes do mesmo Estado no próximo Campeonato Brasileiro da Série A. Longe de ser uma solução para melhorar a qualidade técnica de quem é (des) preparado nas suas federações, a medida pode amenizar impactos normalmente causados por trios que não se conhecem, ou se conhecem muito pouco, e usam em seus estados de origem critérios diferenciados para a aplicação de uma mesma regra. No quesito federação, destaque pra a paulista que além da forte preparação, escala verdadeiros “técnicos” – chamados de tutores – no acompanhamento de seus árbitros nos principais momentos.

Na medida a ser aplicada pela CBF, a exceção nacional ficará por conta de Sandro Meira Ricci, que apita por Santa Catarina e que deverá ter como parceiros os paulistas Emerson de Carvalho e Marcelo Van Gasse, trio que se prepara para representar o Brasil na Copa da Rússia.

O fato não é novo. Aqui mesmo, em Santa Catarina, já vivenciamos esta experiência. Dalmo Bozzano, o mais experiente e vitorioso árbitro catarinense tinha preferências para seus auxiliares. Carlos Roberto Nagel e João Manoel Florêncio, eram os mais frequentes em escalas que tinham igualmente as presenças de José Patrício Matos, Luiz Carlos Espíndola e Cantucho João Setúbal.

Da esquerda para a direita: Luis Carlos Espíndola, Dalmo Bozzano, e João Manoel Florêncio.

Dalmo, que apitou mais de 1.600 jogos (só clássicos Avaí x Figueirense foram 44) dezenas deles em vários países da América do Sul e outro tanto em decisões estaduais, diz que a sua preferência unia a conveniência à qualidade técnica. “Trabalhar com quem temos afinidade e confiança dá mais segurança” diz o único árbitro catarinense que chegou aos quadros da FIFA deixando, no entanto, um alerta: “É preciso cuidar para a afinidade técnica não viciar. O árbitro precisa ter o comando e não se escorar no que imagina que o auxiliar vai marcar”. E nisso ele tem razão. 

Antes mesmo de se aposentar, aos 45 anos de idade, o consagrado árbitro teve um atrito com o ex-presidente da entidade, Delfim Pádua Peixoto Filho e chegou a tentar uma eleição na FCF, mas não obteve êxito. Os dois também se enfrentaram nos tribunais. Dalmo ganhou uma ação contra Delfim, no valor de R$ 65.000,00 quando foi acusado de ser usuário excessivo de bebida alcoólica – como um árbitro que apitava dois ou três jogos por semana nas mais diversas regiões do país e da América do Sul podia ser viciado? argumenta. Mas perdeu outra ação, tendo que pagar R$ 15.000,00 quando fez fortes críticas ao ex-presidente em entrevista ao Jornal Diário do Litoral (Diarinho) de Itajaí.

Orgulhoso do filho Giuliano Bozzano, também ex árbitro e que comanda com sucesso a arbitragem em Minas Gerais, Dalmo não esconde que gostaria de exercer a mesma função em Santa Catarina. “Acho que tenho condições e competência” disparou.

Também acho.

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