O futebol longe da paixão.

Sou do tempo em que o futebol era jogado pelo amor à camisa. Dirigentes eram amadores, sacrificavam sua vida pessoal e profissional para dirigir um clube, liga, federação ou confederação; os jogadores nasciam e morriam usando uma mesma camisa; torcedores iam aos estádios para desfrutar da paixão pelos seus clubes (não existia as “organizadas” que, não raras vezes exploram o clube) se associavam para ajudar a manutenção da equipe e não apenas para usufruir do ingresso quase á custo zero, e que a imprensa esportiva, mesmo amadora, era comprometida com a verdade dos fatos que transmitia e analisava.

Mas os tempos mudaram e tudo isso que escrevi, está em desuso. Quem ousar defender estas teses, cairá no ridículo de uma réplica convencedora mesmo que oportunista.

Pois vejamos alguns exemplos. No Brasil, algumas federações estaduais já estão tomando o Norte de oferecer aos vencedores de seus campeonatos alguma premiação. O título apenas, já não basta, mesmo que ele seja eterno na galeria de troféus e no coração dos torcedores.

Apelo para exemplos mais dignificantes, para lembrar que a Copa do Brasil a mais democrática disputa do futebol nacional, é movida pela maioria dos seus participantes pelos valores que oferece em cada uma das suas fases. Muito mais do que o sabor da vitória, os dirigentes querem sentir o gosto do “pix” em suas contas.

Poderia lembrar igualmente do Campeonato Brasileiro da Série A, cuja premiação monetária também é interessante, mas fico apenas no exemplo da Copa do Brasil.

Dito isso não custa lembrar que ao ser desclassificada na Copa do Mundo, a Seleção Brasileira de Futebol, deixou de arrecadar para a CBF US$ 42 milhões ou cerca de R$ 220 milhões de premiação que a Fifa oferece ao campeão da competição. Como sua seleção caiu nas quartas de final, a nossa confederação vai receber “apenas” US$ 17 milhões, valor que beira os R$ 89 milhões.

Como se vê se, se o hexa era um sonho para o coração do torcedor, imagina para os cofres da CBF.