Obrigado, amigo!
Trabalhei com Antonio Carlos Mafalda, no Diário Catarinense por 16 anos.
Em 1990, estivemos juntos na Copa do Mundo, na Itália. E lá, testemunhei muito de perto o lado humano deste extraordinário profissional.
O Brasil havia perdido (1×0) para a Argentina, no estádio Delle Alpi, em Turim. Um soco devastador na esperança da conquista do campeonato mundial de futebol e no sonho de quem estava fazendo a sua primeira Copa.
Sem o Brasil, alguns profissionais (eu, entre eles) foram dispensados para curtir a folga forçada pela desclassificação. Afinal, a Europa era uma atração para qualquer ser humano do chamado terceiro mundo.
Diárias devolvidas, dinheiro pouco, viajar era uma aventura. Mas não impossível. Foi o que fiz.
No retorno, ante véspera da disputa pelo terceiro lugar, aportei em Roma em busca de um “encosto” mais barato no hotel que abrigava a delegação da RBS. Lá chegando, o primeiro brasileiro que encontrei foi o Mafalda.
– Vou ver se consigo um apartamento mais barato, disse à ele.
– Nada disso, me respondeu, de imediato.E justificou:
– O “alemão” (Cláudio Dienstmann) acha que ronco muito e foi dormir no estúdio da Rádio Gaúcha. Estou sozinho no apartamento.
Me auxiliando com as pesadas malas, Mafalda me ajudou a subir as escadas e lá fui eu para o abrigo que ele me colocava a disposição. Não sem antes ouvir dele:
– Vou falar com o Ranzolin (Armindo Antonio) um Lageano que narrava e comandava a equipe da Rádio Gaúcha. E assim ele fez. Convenceu o “chefe” que havia a vaga e eu podia ser abrigado.
Nasceu ali um enorme sentimento de gratidão pelo espírito de companheirismo que aflorava no coração desse estupendo profissional que dominou e domina as lentes com singular maestria nas coberturas que já fez, na guerra ou no esporte.
A sensibilidade do coração de Antonio Carlos Mafalda se transporta em cada clique no botão da sua Nikon, dando à cada registro o diferencial profissional que o destaca.
Hoje, quando fui informado pelo presidente da Fesporte, Erivaldo Nunes Caetano Júnior, da homenagem que seria prestada à Antonio Carlos Mafalda, meus olhos marejaram. Senti uma ponta de orgulho pela relação de amizade e pelo sentimento de gratidão que nutro por ele. Imaginei a felicidade da esposa Ilmara e das filhas Jana e Petra.
A FESPORTE fez a sua parte. Nós temos que continuar a nossa, manifestando o nosso agradecimento pelos ensinamentos, pelo profissionalismo, pela amizade, pela lealdade e pela doação a tão nobre profissão.
De minha parte, o que posso dizer agora é: Obrigado, amigo. Continue nos ensinando.

