OS EMPRESÁRIOS.
Uma das questões mais discutidas na administração do futebol é a interferência, e não raras vezes comando dos empresários do futebol na formação dos times. No entanto é preciso fazer uma avaliação mais profundas sobre a “gestão” desses profissionais nos clubes. Por exemplo, nas agremiações de menor poder aquisitivo normalmente eles formam uma alavanca para sustentar a formação de equipes e a consequente negociação de atletas.
Levando-se em conta que raros são os clubes com pessoas gabaritadas para garimpar atletas nas divisões de formação, também é fácil deduzir que menor número de dirigentes tem capacitados para negociar seus principais produtos. E aí, em ambos os casos, entram os chamados intermediários, os conhecidos empresários.
Conheci o primeiro deles em 1982. O ex-presidente da FIFA João Havelange precisava destacar uma equipe brasileira para disputar o Torneio de Merdeka (Independência) na Malásia. Amigo pessoal do então presidente da Federação Catarinense de Futebol José Elias Giuliani, Havelange enviou a Joinville o empresário Elias Zaccour, que seria o responsável pela excursão. E assim foi feito. Uma seleção sobre à qual falarei em outra oportunidade fez um vitorioso giro, sob o comando de Zaccour mas que teve a administração presencial do genro dele Rafael Bolaños. A taça conquistada (foto) está na sede da Federação Catarinense de Futebol, em Balneário Camboriú.
Pois bem, se foi ali que conheci o primeiro empresário do futebol, depois disso testemunhei a ação de vários deles e mais recentemente de Eduardo Uran, hoje o mais expressivo no meio brasileiro e com dezenas de operações no futebol catarinense, notadamente nos clubes da Capital Figueirense e Avaí.
Os clubes reclamam deles mas escondem que muitos atletas só enriquecem suas prateleiras pela ação dos empresários, que não raras vezes bancam contratações abrindo as portas para um faturamento que por pequeno que possa parecer, às vezes se torna numa importante fonte de recursos financeiros.
O exemplo mais recente é o do Vasco da Gama que amparado no “mecanismo de solidariedade da FIFA” que concede 2,5 por cento do valor da transferência para o clube formador, já arrecadou 5 milhões de Euros com as transferências de Philippe Coutinho ( 1 milhão da Inter de Milão para o Liverpool e agora 4 milhões do Liverpool para o Barcelona).
Por aqui os clubes se protegem no manto da conhecida “cláusula de confidencialidade” para esconder valores e omitir a realidade. Ou alguém sabe quanto o Figueirense ganhou com as negociações de Filipe Luís, Roberto Firmino, Claiton, Dudu e mais uma dezena de atletas que, formados no clube, giram a roleta da sorte pelo mundo afora?
